segunda-feira, 26 de maio de 2014

A maternidade [também] tem destas coisas...


Ela apoiada com o cotovelo na mesa, cabeça assentada na mãozinha, de lado, com um olhar sonhador. Estava a olhar para uma fotografia do pai e minha no casamento duns amigos.

E disse: "mamã, estás tão bonita. o teu cabelo está muito bonito, mamã. o papá não. a mamã está linda. és uma princesa mamã..."

Ohhhhhhh......

Esqueci-me logo dos 3.000 cócós e xixis que tive que limpar o fim-de-semana todo à conta dos dois dentes que, ao nascer, lhe fizeram febre e a transformaram numa "fonte de chocolate" andante que não chegava a tempo ao pote.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A vida resolve-se sozinha

De todos os mantras, "you can do it", frase pré-feitas que nos dão um kick in the ass, positivismos, e outras cenas isotéricas tais, a única que faz sentido é mesmo esta.

A vida resolve-se mesmo sozinha. Com um empurrão de barriga, mas resolve-se.

E fica agora o MEU mantra: um dia de cada vez, um dia de cada vez, um dia de cada vez, um dia de cada vez, um dia de cada vez, um dia de cada vez, um dia de cada vez...

Tenho que repeti-lo várias vezes à hora, entre ataques de overthinking and overworrying, mas lá vai resultando. 

Bolas, porque não nasci inconsciente como a outra?

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Coisas belas da maternidade

É tão bom irmos jantar com um casal de amigos daqueles sem filhos, com a casa saída duma revista qualquer, que fazem viagens maravilhosas de relax, que falam baixo para não incomodar os vizinhos e termos o nosso mini-ser a fazer uma valente xixizada no sofá do restaurante perante o olhar horrorizado da nossa amiga.

Ainda por cima quando, numa tentativa "desesperada" de fazê-los acreditar que a nossa vida é sim melhor do que a deles, passámos a tarde e boa parte do jantar a elogiar a pequena por já não usar fraldas, e ir ao bacio sozinha, e nuuuuuunnnncaaa termos problemas com ela em sítios públicos.

Ah. Depois de sairmos do restaurante a correr e de ter usado 30.000 toalhitas (um aparte para dar um viva às toalhitas - as melhores amigas de qualquer mãe!!!) a melhor parte ainda foi ter mini-ser bem aninhadinhaaaaa no meu colo. Sem lhe mudar a roupa.

Sim, não parecia que ela tinha sido a única a fazer xixi.

domingo, 18 de maio de 2014

"A mamã é minha!" - dizia uma amiga nossa à M.
"Não, a mamã é do papá!", responde ela. 

Bem ensinada, hein?! 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Quando a voz dentro de nós não se cala.

Estou tão stressada (e cheia de trabalho que só consigo procrastinar) que preciso mesmo de desintoxicar as palavras, colocar os sintomas por escrito para ver se despejo o copo e consigo apreciá-lo melhor, de fora.

Nunca senti tantas dúvidas como depois da M. nascer. Eu antes já era indecisa, mas agora estou 1.000 vezes pior. Antes as minhas decisões (ou indecisões) afectavam apenas duas pessoas: a mim, e ao Rui. Se alguma indecisão passada a decisão corresse menos bem, paciência.

Mas agora as (in)decisões afectam-na a ela. E ela vale por mim, por ele, pelos dois juntos. É que vale mesmo.

Durante estes três anos a trabalhar na Comissão Europeia, nunca morri de amores pelo meu trabalho. Quando tinha trabalho.
Sinto que perdi três anos da minha carreira e que dei de mim, mas não recebi nada em troca. Despejei a bolsa de conhecimentos, que não voltei a encher. E sinto falta disso. De aprender coisas novas, de ser desafiada, de ter 1001 coisas para fazer e não saber para onde me virar. De parar de olhar para o relógio e as horas passarem a correr.

Algumas pessoas acham que sou maluca "porque eu é que tenho um trabalho bom", "na Comissão Europeia - uuuuh" (enganam-se, porque as empresas privadas não são burras e sabem bem que há mais pessoas do que trabalhos na CE), "porque chego às 10h e saio às 17h (e às vezes com hora de almoço pelo meio), "porque posso dedicar-me a outros projectos que gosto muito" "tirar cursos online" ou simplesmente "passar a vida no FB".

Eu entendo a lógica, a sério que sim. Se eu não tivesse 27 anos e devesse por isso estar no auge da minha carreira, síndrome de "quanto menos faço, menos quero fazer!", um vício de procrastinação e um desinteresse profundo na área de desenvolvimento de software (opa, mas eu quero lá saber o que acontece dentro da caixinha preta!!! eu gosto é de falar sobre o que VEJO, sim VEJO no ecrã!!! E pôr aquilo tudo bonitinho, e fazer uns textos/vídeos/ilustrações catitas e, ao mesmo tempo, umas apresentaçõezinhas no Prezi todas mimimi". Mas não me venham, por favor, falar em UMLs e em bases de dado e em sequence diagrams e use cases e architecture e analysis!!! Estou FARTINHA! Ufa, acho que já exorcizei aqui um ou dois demónios.)

Por isto, o meu ordenado, não sendo pago directamente pela CE mas passando pelas mãozinhas gordurosas de um terceiro já vem bem descascadinho e não é nada de especial.

Juntando a isto o facto que moro do outro lado da cidade, tenho a miúda na creche numa das outras pontas e faço, diariamente, 1h no mínimo de casa-trabalho e vice-versa, digamos que estou pelos cabelos do meu trabalho.

Vai disto, pus-me a mandar CVs à maluca para o Luxemburgo (porque lá é que se ganha bem que a porcaria dos belgas levam-nos tudo em impostos - 40% senhores, 40 POR CENTO!!!). E fui a uma entrevista lá. Para Editor de Customer Information. Uau, fancy title. Num fancy job, uma empresa de investimentos financeiros de alto gabarito (imaginem o Millennium a investir numa cena qualquer, são estes senhores que gerem isto tudo). Até correu bem, mas saí de lá com aquele feeling "nah, isto não vai ser para mim". Não me perguntem porquê. Apenas sinto isso e pronto. E ainda não recebi um pio desse lado.

EntretantoS, meti o meu CV numa cena qualquer de CVs online e puff, dois telefonemas esta semana.

"Ah e tal, gostávamos muito que viesse a uma entrevista com uma empresa nova de software ligado ao marketing que tem como clientes a Microsoft, IKEA, Lego, BlackandDecker, and so on, and so on, para ser Technical Writer MAS também UI (User Interface) Graphic e para aprender mais sobre commercial writing. Pagamos-lhe 360€ a mais (líquidos), tem direito a um carro melhor, telemóvel e laptop, lunch vouchers, seguro da empresa, mas tem sede em Nova Iorque e .... Ghent!!! Sim, Ghent a 60km de Bruxelas. Não, não, não é em Bruxelas não. Não é onde o seu marido trabalha, não é onde vive, nem é onde tem a sua filha na escola. É mesmo a 45 min (se o trânsito ajudar) disso tudo. Mas as casas aqui são muito melhores!!!! Vejam lá que temos aqui a 15 minutos do trabalho uma CASA, T4, com jardim enorme, nova, com garagem, por 1000€ de renda. Pois, é o que paga agora pelo seu apartamento no 7º andar, sem jardim nem garagem não é? Sim, as escolas são em Holandês e compreendemos que a sua filha mudou-se agora mesmo para uma nova escola, em Francês, mas aprender nunca fez mal a ninguém não é? E a sua filha, que ainda agora aprendeu o Francês, vai habituar-se num instantinho ao Holandês que apesar de ser uma língua super importante na Bélgica é menos útil fora daqui que o minhoto!!! Não faz mal que o seu marido tenha que trabalhar a sei-lá-quantos-muitos km de Ghent e tenha que ir de comboio. Ou então, se quiser continuar a viver aí, que você tenha que se levantar mais cedo, pegar no comboio (17€ por dia), dar o carro ao seu marido e fazer 1h de trajecto. Afinal, não demora mais de 1h a chegar ao trabalho agora? Sim, sim, não interessa nada que esse trajecto de 1h actualmente seja COM a sua filha e portanto que você considere esse tempo, tempo útil com ela. Pense na sua carreira!!!"

Nota-se muito que estou a falar comigo própria?
Mas e agora? O que respondo a mim mesma?

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Há alturas assim...

Em que as coisas acontecem a uma velicidade tão alucinante, atropelam-se, que não deixam tempo nem margem para as pormos em papel.

É assim que tem corrido (literalmente!) a nossa vida.

Com muitas coisas novas, outras ainda para o ser, momentos difíceis que é para não perdermos o hábito, novos projectos há muito planeados (e logo postos em hold), novos desafios conquistados (já não há cá fraldas!), muitas indecisões e incertezas, muitos caminhos para seguir sem lhes avistarmos o fim.
Uma certeza temos: é tempo de mudança.